Coisas de Laurinha

Ontem a Laura demoroooou pra acordar. Foi pra escola meio sonolenta.
Lá pelas 10:30 ligaram da escola dizendo que ela não estava muito bem e pediram pra eu ir buscar.

Ela estava mais ‘lenta’, manhosa e chorosa do que o normal. A tia mediu a temperatura e não havia febre, mas era só olhar na cara da Laura que via-se que ela não estava bem.

Lá vai a Dinda pra casa, com coração apertadinho e bebê no colo, toda molenguinha.

Chegando em casa, ela foi pros ‘sapatos’, como sempre faz, brincou um pouco.
Mas liguei pra Mamãe e pro papai.

Mamãe veio pra casa, papai também. Ficamos observando a bebê que embora estivesse meio jururu, continuava brincando.

E-mail enviado ao pediatra, que não respondeu de pronto (sinal de que deveria ou estar em consulta ou em outro local). Acabaram levando a Laura ao hospital.

Lá, após cerca de 4 horas de espera (sim, isso mesmo, 4 horas de espera para ser atendida), foi diagnosticado que ela ‘aparentemente’ não tem nada, mas poderia ter algo incubando. Até pensamos que foi pelo ‘caos’ gastronomico que essa criança fez no Sábado, mas não… Só o nariz estava congestionado. Pulmão, garganta, tudo certo.

Papais voltam, Dinda ainda aflita. Mamãe deixa todo mundo e vai pra dar aula. 5 minutos depois, ela volta.
Muita preocupação.

Papai foi dar aula, ficamos eu e a Mamãe observando a nenê. Que teve febre de noite. Ai q nervoso.
Demos remédio, ela ficou quieta um tempo.

Depois, para nosso alívio, voltou a pular e sassaricar toda animada.
Mamãe e Dinda respiram aliviadas e conseguem jantar.

Ela ficou ativa até pouco mais de 22h, quando pediu pra ir pra cama.

Hoje de manhã, acordou normal. Sem febre nenhuma. Sassaricando alegremente. 🙂
Tomou todo seu leite. Depois na hora do lanchinho, tomou suco… Comeu umas duas torradinhas.

E agora pouco, pediu para entrar no carro. Ao entrar, sentou na sua cadeirinha. O Papai foi recuar o carro, ela protestou. Papai então a levou para dar uma volta de carro.

Retornou 10 minutos depois, com a Laura dormindo. Ela queria passear pra dormir… *risos*

Agora tudo bem, sem febre e uma nenê calma e tranquila.

Como a gente se assusta quando a criança fica apática. Ainda mais uma criança como a Laura!

Persistência, paciência e um toque de brincadeira hoje mostraram seu resultado: ela repetiu as vogais.

Já faz um tempo, não sei precisar quanto, venho repetindo as vogais para ela, mais ou menos como coloquei no título. Devagar, uma a uma. A primeira vez fiz por pura farra para emitir os sons. E a reação dela me surpreendeu. Ela ficou olhando meus lábios.

Foi então que decidi repetir, todos os dias, uma vez ou outra, enquanto troco a fralda, ou ela pede colo para brincar, enfim, momentos em que consigo prender a atenção dela. E ela simplesmente respondia com uma risadinha e um som como ‘ahaaaaaa’, denotando satisfação.

Passou a ser uma brincadeira. Mal começava a falar a letra “A”, ela já parava o que estava fazendo e vinha sentar perto. Sempre olhando fixamente meus lábios.

Hoje, após eu terminar a sequência, ela a começou, por sua própria conta. Então, meio que invertemos: ela falou primeiro e eu repeti. E ela falou todas as cinco letras.

Aplaudi, parabenizei e comemorei com ela. Ela sorriu, claro, é uma criança que adora ser elogiada.

Meu dia foi coroado quando, enquanto prendia seu cinto de segurança na cadeira no carro, comecei a falar as letras e ela as repetiu novamente. Me enchi de orgulho. E o papai ficou satisfeito e contente pelo progresso da nossa tartaruguinha.

Ela não me dá tchau, nem bom dia. Mas ela fala as letras do alfabeto junto comigo.
Ela FALA.

A coisa mais difícil é não transferir para a criança a nossa ansiedade de que ela fale.

Foi um período bastante tenso, enquanto aguardávamos exames, avaliações médicas. Tudo apenas para ter certeza. Com uma criança o “E se…” é a pior coisa na vida da gente e tirar a prova, mesmo que a probabilidade seja ‘mínima’, acaba sendo essencial para a paz da família.

E ela é normal. Muitos conhecidos vão dizer: “Mas é óbvio que ela é normal.”

Mas se existe uma chance, por mínima e menor que seja, de haver algo, esse grãozinho de areia numa praia vai incomodar como se fosse uma pedra grande no seu sapato.

Bom, não passou de um grãozinho. Aliás, tartaruguinhas adoram areia, não é mesmo?
Cada dia mais a Laura mostra seu desenvolvimento e nos ensina que temos que ter paciência (embora ela mesma não tenha, enfim… Vai aprender a ter…) pois ela está no caminho certo e vai chegar lá.

O vocabulário só aumenta: tchau, bom dia (esse é mais raro), alô e agora, as vogais. Isso sem contar o ‘dodói’, que ela repetiu no final de semana passado.

“Só mais um pouquinho gente e vocês não vão é ver a hora em que eu vá dormir pra parar de ouvir minha voz…”

É, é bem por aí e por mais absurdo que pareça, estamos ansiosos pra essa hora. 🙂

E ela falou. “DODÓI” foi a palavra.

Foi no sábado na casa da tia Sil, no ensaio do coral. Diante de várias testemunhas e a própria mãe, que segundo me contaram, ficou em choque pelo susto.

Hoje eu a levei a escola e a professora pediu pra falar comigo. Queria saber sobre os exames feitos para investigar o atraso na fala da nossa Kame. E nenhum exame trouxe NADA.

Temos uma criança totalmente saudável e normal em casa. Na verdade, muito sem-vergonha e preguiçosa.

A tia então me falou do quanto a Laura está diferente. A Laura que entrou na escolinha no começo do ano já é passado.
Hoje temos uma Laura mais interativa com as tias. Com as crianças já é um pouco mais complicado, mas é a fase. Fiquei olhando hoje a sala de aula por alguns minutos e achei extrema graça: todas as crianças brincavam… SOZINHAS. É da faixa etária mesmo. A Tia me disse que apenas duas delas, que são um pouco mais velhas é que costumam brincar juntas, mas mesmo assim brigam feito cão e gato.

Hoje em dia, quando a descemos do carro, ela segue pela calçada até a porta da escola, cumprimentando seus azulejos favoritos (na calçada de cimento, existem azulejos pintados espalhados. Ela se agacha e toca um por um dos que ela gosta até chegar na porta). Os porteiros lhe dão bom dia, mas ela não responde, entra e segue as setas feitas com ladrinhos, apontando para a entrada da casa principal da escola. Ali, ela já segue em direção à sua sala de aula e entra direto. Nem tenho que me preocupar. Apenas olho lá pra dentro pra ver o que ela está fazendo e me despeço das tias.

Na hora de vir embora, o Papai conta que ela acena para as tias e fala “tau”, como contei antes. Fala ‘tau’ pros porteiros e etc.

Em casa, ela está mais ‘sociável’ e requisita mais nossa companhia. Principalmente a minha.
Nos dias em que não tive trabalho, eu sentei com ela para brincar e ver tv. Então, agora ela me chama, pegando pela mão, para que eu vá com ela.

Está muito faladeira esta semana. Na lingua dela, mas tá falando pelos cotovelos. É até engraçado.

Enfim, fiquei feliz com o comentário da Tia sobre a evolução do comportamento da Laura.
É um grande progresso mesmo pra uma criança que se recusava a interagir com as pessoas.

Não foi a primeira chuva de granizo que a Laura presenciou. Mas desta vez, já um pouco maior, eu esperava alguma reação por parte dela.

O barulho era ensurdecedor devido ao telhado de fibra de vidro do terraço dos fundos. O vento castigou as telhas e as roupas no varal dançaram um bocado. Os cachorros estavam apavorados.

E a Laura?

A Laura estava sentada comendo seu pão de queijo do lanchinho da tarde, assistindo televisão. Caaaalma e serena, sem se abalar com a tempestade de verão que ecoava lá fora.

Mesmo quando o granizo danificou a fiação no poste em frente de casa, causando duas explosões e mais faíscas que iluminaram a janela da sala, nossa pequena tartaruga se limitou a rolar para o outro lado do colchão e comer mais um pão de queijo.

Só houve um momento em que ela ficou nitidamente perturbada: quando os cães entraram, no desespero de se esconder Tamuz pisou na almofada preferida dela, deixando marcas molhadas de suas patas.

Eu tive vontade de rir. A nenê ficou indignada! Contrariada e com uma careta de dar medo, pegou a almofada pisoteada e colocou em cima do colchão, onde estava sentada. De quebra, recolheu todas as outras espalhadas também.

Chover granizo não é problema. Explodir a fiação da rua também não.

Agora não pisa no travesseiro favorito dela!!! *risos*

É claro que o fio que estourou gerou mais novidades no dia, ou melhor, na noite.

Por volta das 18:30, a luz acabou. A concessionária desligou para fazer os reparos no fio arrebentado pela chuva.

As luzes se foram, nossa tartaruguinha olhou para mim com uma expressão de “O que é agora?”.

“Acabou a luz, Laura. Vem comigo, vamos pegar a lanterna”. Eu disse e fui até meu quarto pegar a lanterna que deixo na cabeceira da cama, exatamente para essas ocasiões. Com a lanterna, poderia procurar as velas e assim, iluminar a casa novamente.

Então. Ela pegou a lanterna primeiro. Toda faceira, saiu correndo pela casa escura com a lanterna na boca.
Quem mandou eu não enxergar no escuro, não é mesmo? Pelo jeito, tartaruguinhas enxergam.

Achei uma vela e após acendê-la, acendi outras.
Confesso que o clima ficou aconchegante. A luz das velas e o silêncio, já que chuva tinha passado, foram bastante relaxantes.

A Laura sentou em uma cadeira na sala de jantar e olhava maravilhada para as velas. Provavelmente para as chamas. Me lembro de como eu ficava fascinada com a maneira com que a chama da vela ‘dança’. Havia pelo menos 4 velas sobre o móvel. Desceu, correu pra outra sala. Brincou novamente com a lanterna, voltou… Não pareceu se abalar muito não.

Duas horas depois, as luzes voltaram. Ela nem se mexeu da cadeira onde havia sentado novamente minutos antes. Continuou olhando as velas. Foi quando acendi a luz da sala de jantar. Recebi um olhar que me pareceu dizer: “O que vc está fazendo? Deixa como está!”.

Acho ótimo a Laura não ter medo do escuro. A velha tática de apagar a luz de um cômodo para que ela saia do mesmo não funciona. Se ela quiser, ela fica lá, no escuro mesmo aprontando.

Todas as noites, ao ir para cama, ela entra no quarto completamente escuro e caminha direto para o berço e fica aguardando que eu a coloque lá. Sem medo algum.

Espero que ela não passe a ter medo quando crescer mais.

Fazendo carinha meiga

Pois é. Ela agora já tem noção do que é uma câmera fotográfica e se diverte fazendo poses. Essa garota é muito inteligente, definitivamente.

Ela tem se mostrado cada vez mais interessada em ter companhia. É, exatamente. Ela não se socializa totalmente ainda, mas ela quer gente perto dela. E gente, vamos deixar claro, pessoas conhecidas.

Ela é desconfiada pra caramba (ainda bem!) e não dá trela pra quem não conhece.

Ao sair da escola, ela dá tchau para as tias, para os porteiros… Fala “tau” e acena a mãozinha.
Pra mim, nem pensar. 😛
Todo dia de manhã, eu a coloco no carro, seja da mamãe ou do papai e falo: “Tchau, Laura, boa aula”.
Sou sumariamente ignorada todos os dias. 😛

Aliás, além de falar tchau pras tias e pros porteiros, para a professora de inglês ela fala “bá” (de bye). O dia que fez isso pela primeira vez a professora de inglês quase teve um treco e ficou emocionada… *risos*
Vamos enfatizar, a classe da Laura não tem inglês ainda. Mas a professora circula pelos corredores e o armário de material fica bem em frente a sala da Laura e ela cumprimenta e fala em inglês com as crianças e até com alguns funcionários. E toda vez que ela encontra a Laura ela cumprimenta. E se despede também.

Então… É isso, ela fala quando ela quer, e o que ela quer.

Geniosa? Nááááá. Bobagem né?
Crianças de dois anos e cinco meses não podem ter um gênio tão forte e serem tão inteligentes, chantagistas e birrentas.

*PÉÉÉÉÉÉÉÉ*
Errado. Elas são. Temos que tomar um cuidado enorme, há uma linha muito tênue aí.
Saber sacar quando é manha e quando não é. Quando é chantagem emocional e não ceder. E não é fácil, cara.
Nós três aqui passamos apuros com a Laura. Ela já sabe exatamente quem cede a que tipo de chantagem e não hesita em ir direto nessa pessoa quando quer algo e sabe que não vai conseguir de outra.

Mas parte desse gênio dela é bom. O fato dela ser assim também é, de certa forma, uma defesa grande e um alívio para nós. Sabemos que ela não vai dar confiança para estranhos.


Aliás, deixa eu contar uma história legal sobre isso.
Uma vez por semana e, eventualmente quando necessário, eu a levo para a escola de taxi. E peguei o telefone de um motorista do ponto aqui perto, que normalmente está disponível e nos leva. Eu sempre ligo para ele primeiro antes de tentar no ponto o que faz com que a maioria das vezes ele nos leve.

Aconteceu pois que, ele não estava disponível, tinha um passageiro com hora marcada. Liguei no ponto e solicitei um taxi, que prontamente veio.

A Laura saiu para a garagem e… Não quis entrar no taxi. Não sozinha. Me pediu colo.
Com um pouco de dificuldade devido aos seus 16 kg e mais a mala da escola, fechei o portão e entrei no carro com ela. Ela ficou quieta, sentada do meu ladinho. Achei extrema graça, pois fazia tempo que ela não pedia colo. Então, me perguntei se ela havia ‘estranhado’ o motorista do taxi. E relembrei o comportamento dela com o outro motorista.
Ficou a dúvida no ar, afinal tudo na nossa convivência com uma criança é aprendizado. 🙂

Na semana seguinte, o motorista de sempre estava livre e veio nos pegar. Então pude confirmar: ela estranhou o outro carro e o motorista SIM. Ela já sabe muito bem a diferença.

O comportamento todo dela se mostrou diferente desde o momento em que ela saiu para a garagem. Mal eu abri o portão, ela andou sozinha até a porta traseira do taxi (que costuma encostar bem rente ao portão, porque já sabe que ela é civetta e sai correndo…). O motorista já abriu a porta enquanto eu fechava o portão e ela prontamente tentou subir sozinha. Não conseguiu por causa do declive da calçada e aliás, ficou irritadíssima por isso, resmungando no seu idioma silábico (na na, da da tei tei aaaaah, coisas assim). Logo cheguei, a ajudei a subir e o motorista estendeu sua mão para ajudá-la também. Ele tem uma filha de 4 anos então, ele sabe tratar com a Laura.

Ela sentou, eu puxei o cinto de segurança que coloco em nós duas, ela ergueu o bracinho para que eu passasse e foi falando boa parte do caminho… (é, no idioma dela). O motorista até riu e tentou conversar com ela, mas ela não responde. Ela responde para quem ela quer (como mencionei lá em cima).

Chegamos na escola, solto o cinto e a Laura, que definitivamente se sente ‘em casa’ no taxi dele, ficou de pé no banco e tentou arrancar o adesivo do vidro enquanto eu pagava a corrida. E toda semana, ele fala “Tchau, Laura.”, Eu digo “Dá tchau para o tio…”, mas ela nos ignora. Ele mesmo fala: “Um dia ela vai me dar tchau!”.

Ela pode ser criança, não falar (porque não quer!) e não entender algumas coisas.
Mas definitivamente, ela entende MUITO mais do que a gente imagina.

Quando eu fiz o curso de babá na Mommy to Be, aprendi efetivamente uma série de coisas que normalmente ‘desconfiamos’ como devemos fazer, mas nunca precisamos. Uma das aulas mais importantes é sobre ‘acidentes domésticos’.

A criança entra na fase oral logo. E essa fase pode ‘demorar’ um bocado pra passar.

A Laura tem dois anos e cinco meses e AINDA está na sua fase oral. Adora colocar tudo na boca, principalmente objetos pequenos e ‘macios’.  Procuramos tomar todos os cuidados possíveis com seus brinquedos. E brinquedo, para a Laura, não abrange apenas seus itens infantis. Para ela, TUDO é brinquedo. E imagino que assim deve ser com qualquer criança.

Às vezes, chegamos a pensar que a Laura ‘prefere’ objetos que não são efetivamente brinquedos aos seus brinquedinhos, tamanha sua persistência em querer pegá-los.  E dependendo do objeto, após conseguir tê-lo em suas mãozinhas o mesmo vai para a boca.

Devido a essa tendência da ‘dona civetta’, procuramos manter objetos que são perigosos longe do seu alcance. E, considerando sua estatura avançada para sua idade (96 cm), o ‘longe’, precisa ser ‘bem longe’ mesmo.

Mas não dá pra cuidar de tudo o tempo todo. Mesmo que você seja a ‘Super Nanny’, não há como estar 100% do tempo em cima e pegar tudo. Mesmo porque, dessa maneira podemos até sufocar a criança que precisa aprender algumas coisas ‘por experiência’. E acreditem, mesmo estando em cima, direto, eles conseguem driblar a gente.

Sexta-feira passada a Laura chegou da escola dormindo e assim ficou até o meio da tarde. Normalmente não almoça quando isso acontece, faz um lanche leve, com um suco de frutas e torradas. Recusou as torradas e tomou o suco. Brincou espevitadamente o restante da tarde, jogando seus brinquedos para fora das caixas,  pulando no colchão que agora fica na sala especialmente para ela e assistindo seu DVD favorito dos Mecanimais. Jamais imaginaria que havia algo ‘errado’ com ela.

Por volta das 18:30, ouvi um barulho ‘diferente’ na sala. Semelhante ao ruído de ‘descolar’ o velcro, sabe? Como a Laura tem o costume de pegar seus tênis e ficar abrindo e fechando o velcro deles, não liguei. Continuei minhas tarefas na cozinha. Porém, o barulho veio de novo, seguido de uma tosse engasgada e um pequeno choro. Obvio, fui investigar.

Quando cheguei na sala me deparei com ela de pé, toda suja. Ela havia vomitado. O primeiro barulho que eu ouvi, foi o primeiro vômito. Sei que parece absurdo, mas o ruído do liquido caindo no chão de cerâmica foi muito semelhante ao do velcro. Enfim, o que ouvi depois foi o segundo vômito e cheguei na sala a tempo de ver a terceira vez.

A primeira coisa que fiz, foi pegar uma toalha no banheiro e limpar a criança, procurando esconder todo meu nervosismo e acalmando-a. A Laura não fala, não temos como saber se está bem, o que está sentindo a não ser pelas suas reações. Assim que a limpei, a coloquei no colchão sentada e passei a limpar a sujeira toda, olhando para ela e observando seu comportamento.

Enquanto limpava a sujeira, repassei mentalmente o que a criança havia comido durante o dia. E como mencionei, ela não ingeriu nada em casa a não ser o suco de frutas. É algo nojento que vou dizer agora, mas é necessário: examinei o vômito e fiquei pasma. A quantidade de ‘papel mordido’ que vi foi assustadora. Sim, é nojento e horrível isso, mas se mostrou totalmente útil: ela havia ingerido papel. A próxima pergunta era, ONDE? A fonte do papel precisava ser eliminada.

Considerando que ela NÃO COMEU comida em casa e só tomou suco, eu peguei um pedaço do papel ingerido, coloquei num papel higiênico deixando secar e terminei de limpar a sujeira, para preparar um banho para ela e entrar em contato com o médico, além de avisar os pais, pois poderia ser necessário levá-la a um PS.

Pedaço de papel ingerido

Enquanto isso, ela voltou a pular sobre o colchão, subir no sofá, correr pela sala limpa. Me pediu água, a qual com receio eu dei em pequena quantidade. Era óbvio que ela estava com sede, havia acabado de vomitar.

Ela foi pra sala beber sua mamadeirinha de água. Liguei para seus pais e enviei um e-mail ao pediatra, informando o ocorrido e perguntando se além do leite eu deveria dar algo mais. Examinava o pedacinho de papel (foto acima) e considerando tudo que mencionei acima, a imagem dela de manhã entrando no parquinho e indo em direção a uma das tias que tinha um frasco de bola de sabão em sua mão veio nítida como num filme. E mais a lembrança da imagem do rótulo do frasco. Era o rótulo do frasco de bola de sabão, eu tinha quase certeza.

Um ‘adendo’ aqui. Durante a adaptação no começo do ano as professoras usavam muito bolas de sabão para atrair sua atenção e que nós pudessemos ‘partir’ deixando-a lá. E nesse período ela chegou a trazer dois desses frasquinhos. E agora, havia algumas crianças em adaptação na escola então, as bolinhas de sabão estavam ‘em alta’ novamente. 🙂

Não me perguntem como, quem me conhece sabe que às vezes eu mal lembro o que comi no dia anterior. Mas eu lembrava da p**** do rótulo do frasquinho e portanto, ela havia ingerido o papel na escola.

Ok, muita calma então. Antes de eu sair chutando o balde em cima da escola, precisava confirmar isso. É como qualquer coisa: não podemos sair apontando o dedo na cara de ninguém e afirmar as coisas sem ter certeza.

A primeira coisa que pensei é: verificar os objetos da casa, principalmente os frascos de bola de sabão e confirmar se era daqui o papel ingerido. Peguei todos os frascos de bola de sabão da casa e examinei, confirmando que NÃO ERAM eles. Dei uma geral ‘rápida’ nos itens que ‘não eram brinquedos’ no meio dos brinquedos dela, procurando por alguma coisa que tivesse rótulo de papel e que parecesse com aquilo, procurando principalmente objetos com rótulo ‘comido’. Não encontrei nada aqui de casa e tinha quase certeza de que não encontraria, porque na minha cabeça a imagem do rótulo do frasco da escola voltava direto.

Confesso que fiquei com muita raiva na hora. É irracional da gente ao ver uma criança tão pequena passando mal daquela maneira. Ela estava bem, parecia que havia sido apenas a intoxicação pelo rótulo. Não havia o que fazer mais, guardei o pedacinho para levar na escola no próximo dia de aula e comparar com os rótulos dos frascos de lá. É, parece coisa de CSI, mas era a única ‘prova’ que tinhamos de que era dali.

Terminei de preparar o banho dela e como sempre faço, a chamei para o banheiro, ela veio correndo toda feliz e faceira pulando para que eu tirasse sua roupinha e ela pudesse entrar em sua banheirinha, o que me deixou aliviada, ela estava realmente bem e fora só o mal estar do vômito.

Durante o banho, enquanto eu lavava suas costas ela se inclinou para trás com uma ânsia. Fez isso duas vezes. E confesso que não faço idéia de COMO pensei no que fazer, eu simplesmente fiz (mas sei que foi algo que aprendi no curso de babá). Empurrei a cabeça dela para frente para que ela não engasgasse e a ergui da banheirinha pela barriga, deixando-a levemente pendurada e com a o rosto virado para o chão. Ela então vomitou novamente. Choramingou após ter vomitado. Aproveitei o banho e a lavei, tirando-a do banho em seguida. Ela ficou um pouco amuada, mas segundos depois estava pulando e tentando tirar a toalha das minhas mãos, fugindo pelo banheiro para que eu não secasse seu cabelo. Mesmo vendo-a assim, agora a apreensão era maior. O vômito tinha que parar senão ela iria desidratar.

Ela saiu do banho correndo pra sala pra brincar, eu vim pro computador ver se o médico havia respondido. Ele disse que era bom dar o leite e observar, informa-lo se ela vomitasse novamente. Bom, ela vomitou e observei que não saiu NADA além de líquido. Liguei para ele dessa vez. Ele receitou o medicamento para cortar o enjôo e hidratá-la.

Ela pediu água novamente. Tentei explicar a ela que ela não podia beber água naquela quantidade, mas ela não entendeu. Nem tudo eles entendem nessa idade e sabendo que ela provavelmente vomitaria de novo, dei a água e já fui pra sala com duas toalhas de banho. Fiquei observando de perto. O pai chegou com o medicamento, tentamos ministrar em dose mais lenta por causa do gosto ruim. Ela ingeriu mais água nesse processo. E eu não estava errada. Meia hora depois, ela vomitou tudo novamente. E dessa vez só a água mesmo. Não havia mais nada no estômago.

Como fazer uma criança que não fala e não entende o que está havendo, compreender que ela precisa ingerir 15 ml de um remédio com um gosto horroroso? Não sei as outras crianças, mas com a Laura não há o que fazer a não ser dar á força. Então, com o coração na mão porque é algo que dói mais na gente do que neles, o papai segurou a criança e eu com uma seringa forcei que ela bebesse o medicamento. É horrível fazer isso, mas não tem como, o gosto é ruim, eles cospem e não são bobos, eles correm ao ver que você vai tentar faze-los beber aquilo novamente.Ela reclamou, chorou, até tentou bater na gente depois, mas deixamos ela ‘na dela’. Ela voltou a brincar toda feliz e faceira. E adormeceu em seguida pelo efeito do remédio. Respiramos aliviados.

Ai veio a pergunta: como a escola pôde permitir isso?

Eu tinha quase certeza que era o rótulo do frasco usado na escola. Só que, temos que considerar muitos fatores e se há algo que não podemos reclamar da escola onde a Laura é a dedicação das professoras e assistentes com as crianças. Então, por mais que eu tenha ficado possessa, não tenho que culpar ninguém. A questão aqui mais importante do que procurar culpados é informar a escola o ocorrido para que o incidente não aconteça novamente, seja com a Laura ou com qualquer outra criança.

Ninguém deixa uma criança ingerir papel propositalmente. Principalmente na escola onde a Laura estuda. Como mencionei, é uma escola séria onde seus profissionais são dedicados e muito competentes e que sabemos que basta informar o ocorrido que providências serão tomadas. E foi o que fizemos.

Hoje pela manhã, mesmo não sendo meu dia de levar a Laura, acompanhei a Mamãe levando o papel no bolso. Eu queria ter certeza de que minha memória desta vez não tinha falhado.

Conforme a Samara ia contando para a tia o ocorrido, eu pedi a outra tia para ver um frasquinho e mostrei a ela o pedacinho. Juntas conferimos e confirmamos ser do rótulo do frasco, como eu suspeitei. Tudo com muita calma, conversando, porque é assim que deve ser. E como esperávamos, a reação foi imediata: “Vamos tirar todos os rótulos dos frascos.”, foi o que disse a tia. E a outra tia confirmou com a cabeça. Questão resolvida.

É bem provável que isso não tenha acontecido antes ali, pois se tivesse, com certeza os frascos já estariam sem rótulos. Elas são muito cuidadosas em tudo que as crianças brincam e somos muito gratos por essa dedicação. As tias da Laura são muito fofas e nós as adoramos também, assim como a Laura as adora, pois ela adora ir pra escola, ela dá tchau para elas quando vai embora. Crianças são honestas até demais, saberíamos se ela não gostasse delas. 🙂

Enfim. Lição aprendida, ou melhor, lições. E eu fiquei contente por perceber que na hora que precisei eu soube fazer o que precisava. Desde acudir a criança até medicá-la a força e depois, ir até a escola junto com a Samara para confirmar sobre a origem do papel ingerido. E que minha memória, que muitas vezes me deixou na mão com outras coisas conseguiu registrar a imagem do rótulo e associar um pedaço minúsculo dele a imagem registrada ‘no começo do ano’.

Caso encerrado! 🙂

Ela ainda não sabe o que é futebol e não tem a menor paciência de descobrir….nem bola ela gosta de chutar….

Mas….

Ela não ficou linda de Corinthiana?

Dia do Centenário do Timão.....01/09/2010

Kame-chan e sua camisa verde-amarela

Estou atrasadíssima, eu sei. Mas não tô conseguindo gerenciar as minhas coisas e escrever nos blogs.

Bom, vamos ao assunto do post: a primeira Copa do Mundo da Laura. 🙂

Atualmente, nossa centro-avante está com cerca de 94 cm de altura e pesando 14,5 kg. Seu tamanho é de uma criança de 4 anos, sua agitação e atividade são formidáveis. Só falta falar, literalmente.

Não acreditamos que ela vá lembrar desta Copa do Mundo. Com muita sorte, ela poderá lembrar da próxima.

Futebol não prende a atenção dela. Mas ela fica contente porque todos vão pra sala ficar com ela.
Ela não curte muito o fato de não poder assistir seus DVDs favoritos dos Backyardigans e fica bem contente quando eles voltam pra televisão.

O vocabulário dela é bem restrito, em boa parte por comodismo. Ela se faz entender muito bem e acabamos acostumando com isso, ou seja, ela não precisa falar, porque fazemos tudo o que ela sinaliza. Ou melhor, fazíamos. Agora estamos no processo de fazê-la compreender que precisa falar.  Não está sendo fácil para nenhum de nós, incluindo ela.

De qualquer maneira, esta foto ficou tão fofa que vale o post pra registrar a primeira Copa do Mundo da Laurinha! 😀

Olá.

Desculpem o transtorno e a falta de atualização.

Mas por questões de recursos, mudamos ‘de casa’, virtualmente.

Agora, as “Coisas de Laurinha” ficam aqui. Continuem nos acompanhando, assinem Postagens (RSS) ali em cima, do ladinho direito e cada vez que houver um post, você fica sabendo. 🙂

E “vamo que vamo” que tenho que arrumar a casa e muita coisa pra contar. 😀

Insira seu e-mail aqui e receba avisos sobre novos posts!

Junte-se a 2 outros assinantes