Coisas de Laurinha

Chuva de granizo, escuro e velas

Posted on: 22 de setembro de 2010

Não foi a primeira chuva de granizo que a Laura presenciou. Mas desta vez, já um pouco maior, eu esperava alguma reação por parte dela.

O barulho era ensurdecedor devido ao telhado de fibra de vidro do terraço dos fundos. O vento castigou as telhas e as roupas no varal dançaram um bocado. Os cachorros estavam apavorados.

E a Laura?

A Laura estava sentada comendo seu pão de queijo do lanchinho da tarde, assistindo televisão. Caaaalma e serena, sem se abalar com a tempestade de verão que ecoava lá fora.

Mesmo quando o granizo danificou a fiação no poste em frente de casa, causando duas explosões e mais faíscas que iluminaram a janela da sala, nossa pequena tartaruga se limitou a rolar para o outro lado do colchão e comer mais um pão de queijo.

Só houve um momento em que ela ficou nitidamente perturbada: quando os cães entraram, no desespero de se esconder Tamuz pisou na almofada preferida dela, deixando marcas molhadas de suas patas.

Eu tive vontade de rir. A nenê ficou indignada! Contrariada e com uma careta de dar medo, pegou a almofada pisoteada e colocou em cima do colchão, onde estava sentada. De quebra, recolheu todas as outras espalhadas também.

Chover granizo não é problema. Explodir a fiação da rua também não.

Agora não pisa no travesseiro favorito dela!!! *risos*

É claro que o fio que estourou gerou mais novidades no dia, ou melhor, na noite.

Por volta das 18:30, a luz acabou. A concessionária desligou para fazer os reparos no fio arrebentado pela chuva.

As luzes se foram, nossa tartaruguinha olhou para mim com uma expressão de “O que é agora?”.

“Acabou a luz, Laura. Vem comigo, vamos pegar a lanterna”. Eu disse e fui até meu quarto pegar a lanterna que deixo na cabeceira da cama, exatamente para essas ocasiões. Com a lanterna, poderia procurar as velas e assim, iluminar a casa novamente.

Então. Ela pegou a lanterna primeiro. Toda faceira, saiu correndo pela casa escura com a lanterna na boca.
Quem mandou eu não enxergar no escuro, não é mesmo? Pelo jeito, tartaruguinhas enxergam.

Achei uma vela e após acendê-la, acendi outras.
Confesso que o clima ficou aconchegante. A luz das velas e o silêncio, já que chuva tinha passado, foram bastante relaxantes.

A Laura sentou em uma cadeira na sala de jantar e olhava maravilhada para as velas. Provavelmente para as chamas. Me lembro de como eu ficava fascinada com a maneira com que a chama da vela ‘dança’. Havia pelo menos 4 velas sobre o móvel. Desceu, correu pra outra sala. Brincou novamente com a lanterna, voltou… Não pareceu se abalar muito não.

Duas horas depois, as luzes voltaram. Ela nem se mexeu da cadeira onde havia sentado novamente minutos antes. Continuou olhando as velas. Foi quando acendi a luz da sala de jantar. Recebi um olhar que me pareceu dizer: “O que vc está fazendo? Deixa como está!”.

Acho ótimo a Laura não ter medo do escuro. A velha tática de apagar a luz de um cômodo para que ela saia do mesmo não funciona. Se ela quiser, ela fica lá, no escuro mesmo aprontando.

Todas as noites, ao ir para cama, ela entra no quarto completamente escuro e caminha direto para o berço e fica aguardando que eu a coloque lá. Sem medo algum.

Espero que ela não passe a ter medo quando crescer mais.

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